terça-feira, 20 de maio de 2008

THOMAS KUHN E OS PARADIGMAS CIENTÍFICOS

-Thomas Kuhn (1922-1996) defende que todas disciplinas cientificamente amadurecidas se organizam de acordo com paradigmas.

- No entanto, antes do paradigma estar devidamente constituído, não existe ainda ciência propriamente dita. Os investigadores encontram-se num período de pré-ciência.

- Entre os investigadores, no período de pré-ciência, não existe acordo relativamente aos fundamentos da disciplina em que trabalham.

- É ultrapassado o período pré-científico quando surge uma teoria de tal forma poderosa e consensual que todos os investigadores se agregam em seu torno.

- Esta teoria poderosa e consensual irá ajudar a fundar um paradigma.

- Um paradigma assume-se como um modelo de investigação através do qual os cientistas desenvolvem a sua actividade.

- Para Kuhn a história de uma disciplina científica é uma sucessão de paradigmas.

- Um paradigma é toda uma forma de fazer ciência e regula o trabalho científico numa certa área de investigação.

- Sendo aceite por toda a comunidade científica, o paradigma oferece uma determinada visão do mundo.

- Segundo Kuhn, um paradigma inclui: um conjunto de leis científicas próprio; regras para aplicar as leis à realidade; regras para usar instrumentos científicos; certos princípios metafísicos e filosóficos (uma vez que apresenta pressupostos gerais sobre o funcionamento do universo).

- Também os métodos de trabalho e os problemas a resolver são sempre específicos de um paradigma.

- Quando um paradigma surge, inicia-se um período de ciência normal. Neste período, a actividade científica consiste em resolver problemas de acordo com as normas do paradigma.

- Num período de ciência normal, os cientistas não procuram refutar ou criticar a teoria central do paradigma. Pelo contrário, tentam aumentar a credibilidade dessa teoria e aumentar o leque de explicações fornecido pelo paradigma.

- Um período de ciência normal terá sempre uma duração temporal indefinida e só poderá alterar-se a rotina quando começarem a aparecer problemas que os cientistas não conseguem resolver recorrendo ao paradigma.

- Ao longo do período de ciência normal, em que os cientistas trabalham pacificamente na resolução de problemas, podem surgir enigmas que não se conseguem resolver, mas que supostamente se deveriam conseguir resolver recorrendo ao paradigma. É assim que surge uma anomalia.

- Quando estamos perante uma anomalia, há algo na natureza que não acontece de acordo com a explicação apresentada pelo paradigma.

- Contudo, o aparecimento de algumas anomalias dispersas não provoca ainda grande instabilidade no seio da comunidade científica.

- Por outro lado, os cientistas procuram ignorar a anomalia ou diminuir a sua importância, esperando que o facto que lhe deu origem possa vir a ser solucionado pelo paradigma. A prática científica demonstra uma tentativa de salvar a todo o custo o paradigma em vigor.

- Uma anomalia começa a tornar-se mais visível quando ameaça os fundamentos do paradigma.

- Quando as anomalias colocam verdadeiramente em causa os fundamentos do paradigma e quando elas se começam a acumular, estão reunidas as condições para a emergência de uma crise.

- Uma crise é um período de insegurança em que a confiança no paradigma é abalada por sérias anomalias.

- O paradigma entra em crise porque se descobrem cada vez mais fenómenos que não estão de acordo com o paradigma.

- Durante uma época de crise, a confiança no paradigma diminui e a investigação tranquila característica da ciência normal dá lugar a um período de ciência extraordinária.

- Ao longo de um período de ciência extraordinária, os fundamentos do paradigma vigente acabarão por ser postos em causa e assiste-se a uma disputa e a um desacordo entre cientistas, instalando-se um certo mal-estar.

- A maior parte dos cientistas resiste a abandonar o paradigma em que trabalha, chegando mesmo a desvalorizar algumas anomalias.

- Assim, o fim de uma crise só poderá ocorrer quando surgir um novo paradigma que conduza a um consenso na comunidade científica.

- No entanto, a instauração de um novo paradigma não é tarefa fácil e rápida. Na verdade, para que seja possível o seu aparecimento, é preciso que surja primeiro uma nova teoria proposta por um cientista fortemente envolvido na crise.

- Esta nova teoria vai contribuir decisivamente para ajudar a fundar o novo paradigma. Quando isto acontece, afirma Kuhn, dá-se o passo decisívo para a ocorrência de uma revolução científica.

- A revolução científica corresponde a uma mudança de paradigma, isto é, a um triunfo do novo paradigma sobre o velho paradigma.

- A revolução científica mostra que a comunidade científica aderiu a um novo paradigma incompatível com o anterior.

- Kuhn considera que a diferença de paradigmas é de tal modo radical que eles não se podem comparar. Este facto revela que existe uma incomensurabilidade entre paradigmas.

- Uma mudança de paradigma corresponde a uma «mudança de mundo» para os cientistas. Entre os paradigmas existe um abismo, eles são incomparáveis.

- Deste modo, estamos perante uma das teses mais controversas defendidas por Kuhn, a qual nos leva a concluir que é impossível determinar se um paradigma é superior ou mais verdadeiro do que outro.

- Não podemos saber se um novo paradigma constitui um avanço em direcção à verdade, já que não o podemos comparar com o paradigma anterior.

- Assim, pode concluir-se que o conceito de verdade é, segundo Kuhn, sempre relativo a um paradigma, ou seja, aquilo que é verdade num paradigma pode não ser noutro. Ora, esta tese impede-nos de saber se a ciência progride em direcção à verdade.

3 comentários:

Anônimo disse...

E assim chegámos ao fim deste ano lectivo! Por tudo o que aprendemos valeu a pena este blog e só nos resta dizer obrigada ao Prof. Paulo !
Muito ainda há a aprender ... senão eu não teria esta sensação de que há quem fale e não diga nada, há quem olhe e não distinga o essencial, há quem se toque e não se sinta , há quem se lamente sem ter sofrido e há quem se encontre vezes sem conta e não se conheça...
BOAS FÉRIAS !

Tânia Marina disse...

Quem é o autor dos textos publicados no blog, preciso referenciar o conteúdo extraído daqui

Anônimo disse...

Amanhã já vou feliz para a aula de filosofia